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Primeira autopsia por meio da técnica “Minimally Invasive Autopsy” (Autopsia Minimamente Invasiva - AMI) realizada no Ceará

 

A partir dessa data, a história da Patologia no Ceará dá um salto...

Dia 27 de janeiro de 2021, às 18 horas, foi realizada, no Serviço de Verificação de Óbitos Dr. Rocha Furtado, da Secretaria da Saúde do Ceará, a primeira autopsia por meio da técnica “Minimally Invasive Autopsy” (Autopsia Minimamente Invasiva - AMI). Ela foi possível a partir de um projeto de pesquisa que envolve várias instituições, pesquisadores e alunos de pós graduação. Esse projeto, coordenado pelo Biólogo e Professor da Faculdade de Medicina, Dr. Luciano Pamplona, foi financiado pelo Ministério da Saúde do Brasil, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS). O projeto conta com a parceria fundamental da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA-CE), o Serviço de Verificação de Óbitos Dr. Rocha Furtado (SVO-RF), o Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ) e o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-CE). Conta ainda com professores e pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), do Centro Universitário Christus (UNICHRISTUS) e da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/CE), além de alunos de graduação em medicina, bolsistas de iniciação científica.

 

Trata-se do projeto de Doutorado da Drª Deborah Nunes (patologista), médica e atual Diretora do SVO, aluna da primeira turma do Programa de Patologia da UFC e do Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva da Drª Tania Mara Coelho (infectologista), atual Diretora do HSJ; ambas sob orientação do Prof Luciano Pamplona. O projeto foi viabilizado a partir do interesse do Ministério da Saúde em validar o uso dessa técnica no Brasil e escolheu o Ceará em virtude da experiência do grupo que estuda arboviroses, coordenado pelo Professor Pamplona. A partir de uma primeira conversa com a SVS/MS, foi viabilizada a colaboração com o grupo do Departamento de Anatomia Patológica e de Microbiologia do Hospital Clínic de Barcelona e Instituto de Salud Global de Barcelona (ISGlobal). Além disso, a parceria mais recente, e que tornou possível o início do projeto em tempos de COVID-19, deu-se após o apoio fundamental do professor Paulo Saldiva (patologista), coordenador da Plataforma de Imagem na Sala de Autópsia (PISA), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em São Paulo. Com a pandemia e o impedimento da equipe de se deslocar para o treinamento em Barcelona, as Dras Tania Mara Coelho e Deborah Nunes foram treinadas em São Paulo pela equipe do Professor Paulo Saldiva (Jair Theodoro Filho – técnico de necropsia e da Dra Renata Monteiro - ultrassonografista) e serão as responsáveis por implantar a técnica no Ceará.

 

O projeto, com o título de “Validação da técnica de autopsia minimamente invasiva (Minimally Invasive Autopsy - AMI) para ampliação da sensibilidade da vigilância de óbitos por arboviroses no Ceará, nordeste do Brasil”, prevê a vinda dos especialistas, tanto de Barcelona como de São Paulo, para a realização de Capacitações no Ceará, nos próximos meses. Esse projeto, segundo Professor Pamplona, tem como objetivos principais aumentar a adesão das famílias para permissão da realização de autópsias, melhorando a sensibilidade do Sistema de Saúde para o diagnóstico de arboviroses; além de trazer mais segurança para o procedimento de autópsia. Como objetivos secundários e demandados pela própria SVS/MS, temos que avaliar a possiblidade de uso disseminado da técnica em outras regiões, mesmo onde não haja um Serviço de Verificação de Óbitos (SVO).

 

O Ceará passa a ser o segundo estado a utilizar a técnica no Brasil, além de São Paulo, e funcionará como um pólo de referência regional para o treinamento da AMI. A Drª Deborah Nunes informa que o projeto era um sonho dos patologistas que viam a técnica sendo usada em outros países e trazê-la para o Ceará foi um presente e uma grande oportunidade, viabilizada com sua entrada no Programa de Doutorado em Patologia. Ressalta ainda a possibilidade de investigar as causas de morte sem demandar tanto tempo para a família e sem a necessidade de abrir o corpo, procedimento muitas vezes rejeitado pelas familias. Segundo Tania Mara (mestranda do projeto), após ter passado pelo treinamento em SP, considera ser possível que, em um curto espaço de tempo, tenhamos vários profissionais treinados e capazes de implementar a técnica nos hospitais, para os casos em que a família não permitir o envio do corpo para autópsia completa no SVO. Ela destaca a segurança da técnica, já que não há abertura completa do corpo, além do potencial como pesquisa, já que podemos colher amostras biológicas de quaisquer órgãos em um curto espaço de tempo.

 

Luciano pamplona e alunas